“Você não tem que explicar o que você não diz” Coluna para o Atlanta Journal Constitution

Esse blog é a tradução de um de meus artigos para o Atlanta Journal Constitution

Eu vi o quadrinho empoeirado do outro lado da garagem, apoiado em uma mesa cheia de bugigangas. Ao me aproximar, sua poderosa mensagem tocou a minha alma.

A “garage sale” estava cheia de itens valiosos, objetos antigos de uma vida que passou. Eu olhei para as belas antiguidades, cristais e coleções que mostravam a sabedoria visível que a falecida senhora tinha deixado para trás. Eu não comprei mais nada de suas filhas, somente aquele pequeno restigio do caráter de sua mãe que me fez para refletir:

“Você não tem que explicar o que você não diz”.

As palavras, despretensiosamente pintadas em um pedaço de madeira rústico e pequeno, poderia muito bem ter sido o bem mais precioso daquela mãe.

Em meu caminho de volta para casa, fiquei imaginando onde aquele quadro ficava na casa dela. Teria ela o deixado na janela da cozinha, onde iria lembrar-se dele ao enfrentar suas batalhas com o seu marido? Ou será que ela o mantia ao lado da cama, como um lembrete antes de iniciar o seu dia? Será que aquela mensagem estava no centro de suas lutas diárias, ou será que ela o teria comprado como uma lembrete para alguém que vivia sob o mesmo teto?

Eu nunca saberei a resposta. Na verdade, eu nem mesmo sei se ela aplicava em sua vida a verdade escrita no quadrinho. Mas enquanto eu meditava sobre a verdade por trás daquelas simples palavras, decidi comprar a peça de sabedoria mais barata que agora decora a minha casa.

De todas as criaturas que Deus criou, os seres humanos são os únicos a quem foi concedido o incrível dom da fala. Na verdade, as palavras têm o poder de edificar, confortar, encorajar e fortalecer qualquer relacionamento. No entanto, a falta de moderação e sabedoria por trás de nossas palavras podem danificar para sempre vidas, casamentos e até mesmo nações inteiras.

Recentemente assisti a um documentário sobre a ascensão de Adolf Hitler na Alemanha. À medida que a câmera mostrava o imenso público durante seus discursos, qualquer um poderia facilmente testemunhar o amor e admiração de um povo que foi cegamente seduzido a seguir o seu Führer. As palavras deste líder carismático moveram uma nação inteira a confiar nele. Suas palavras habilidosamente trabalhadas mascararam seus ideais maquiavélicos, seduzindo multidões a acreditar nele.

Por outro lado, há inúmeros líderes cujas palavras são usadas para guiar, inspirar, impulsionar e confortar as pessoas que lideram. Palavras podem engrandecer… ou acabar com a vida de uma pessoa. Para alguns, elas são um bálsamo abençoado, usadas para curar. Para outros, servem como lanças de condenação, desprezo e destruição. Algumas pessoas lutam para controlá-las. Outras têm uma língua controlada naturalmente.

Eu simplesmente não era uma dessas pessoas.

A família de minha mãe imigrou para o Brasil de Andaluzia, no sul da Espanha. Uma sociedade notoriamente matriarcal, as mulheres espanholas são conhecidas por emitirem suas opiniões e sempre ter que dar a última palavra. As mães são as chefes da casa. Ponto final. Junta a isso o fato de que Deus me fez uma comunicadora natural, dominar a língua tem sido uma das coisas mais difíceis para esta mulher espanhola de sangue quente.

Quando me converti, aos 25 anos de idade, eu já tinha perdido, inegavelmente, muitas oportunidades de ficar com a boca fechada. Uma das coisas que Deus começou a trabalhar em mim foi exatamente isso – controlar a minha língua. Sem dúvida ainda tenho muito o que aprender, mas eu sou grata a Deus, porque, quando minha carne grita e minha língua tenta tomar conta da situação, eu me lembro de Sua Palavra, que é cheia de sabedoria que me ajuda a controlar as minhas palavras.

E quanto ao pequeno quadro da Sra. Sarah? Eu o coloquei do lado de nossa mesa de jantar, onde todas as nossas conversas familiares acontecem.

Tornou-se um lembrete simples e bonito para mim dessa poderosa verdade:

“Quando estiver irritada, cansada ou estressada, segure a sua lingua.”

“Você não tem que explicar o que você não diz.”.